Muitas pessoas já
praticaram o aborto ou já colaboraram com ele, e cada uma dela tem a sua
história para contar, para que algo assim não fique em silêncio. No texto incluí
também as minhas percepções sobre essa realidade.
Pode acontecer num quarto
qualquer, numa casa de banho, numa sala de aula, enfim em qualquer parte. Dois
indivíduos. Um homem e uma mulher, jovens, adolescentes ou adultos graúdos
unidos na dança da vida, um dos mais belos dons do Criador, que pode ser usada
honestamente ou levianamente. Mergulhados no prazer o resto perde toda a
importância. Pensei nas consequências? Nas nossas responsabilidades? Estava eu
no período fértil? No momento só importava o prazer e talvez pensamos: DEPOIS
DO PRAZER, A MORTE NADA É, ou algo parecido. E foi bom enquanto durou e sem
dar-mos conta abrimos as portas para um nova vida. Ali no meu ventre bem
escondido se forma, tão pequeno, indefeso e inocente, uma nova vida, um ser
humano, único o qual vive apenas uma vez nesse mundo. No seu pequeno paraíso, deveria
ter ele ou ela o direito a respirar o ar desse mundo, abrir os olhos á luz do
Sol, receber amizade e um dia viver também a felicidade da união querida por
Deus. Mas a sua vinda é indesejada, um “acidente”,
“estou nos meu estudos, se meu pai souber
posso perder tudo até o meu teto”, ou “não
é a hora ele chegou num mau momento, não tenho condições financeiras para
sustentá-lo e formar uma família”.
Eu enquanto futuro pai,
“estou nos meus estudos universitários e
não tenho meio financeiros, dou-lhe dinheiro para que faça um aborto”.
Alguém me disse que é um pecado, eu respondi: “Ah, eu não levo a religião á sério”. Também disse “o filho não é meu, estiveste com outros,
não me chateies, senão levas uma surra”. Ou ainda “tenho a minha esposa, não posso assumir, isso me destruiria, aborte eu
te dou o dinheiro”. Sou um adolescente no liceu, afasto-a da minha presença
ou incentivo-a a fazer tal acto.
O novo ser humano foi rejeitado
por aqueles que procuraram introduzir-lhe nesse mundo. Ele/ela é transportado
no ventre até uma clínica de aborto, mais próxima, ou mesmo algum lugar
distante longe das atenções alheias. Se a pequena vida pudesse ver ou
compreender, sentiria como se entrasse num matadouro e clamaria por misericórdia,
mas não pode. Pouco depois uma tesoura lhe arranca os membros, o instinto de
sobrevivência leva a que ele de alguma forma tente fugir ou livrar-se
inutilmente da tesoura ou de qualquer outra arma que lhe ameace. Depois de
“gritos” silenciosos ele é retirado em pedaços ou se ainda estiver vivo é morto
cruelmente, e nem sequer um enterro digno lhe é dado. Foi introduzido nesse
mundo, mas não foi recebido.
Eu perdi o meu filho
penso, logo depois eu vejo muitas mães que deram a luz á pouco tempo, sinto-me
envergonhada. O arrependimento é grande, fiz a coisa certa? Mas não queria
destruir a minha vida. Talvez nem fosse só por isso, talvez fosse rebeldia a
esses religiosos que quiseram mandar no meu ventre, rejeitei-os e segui as
ondas destrutivas do mundo moderno. O poder sobre a vida e a morte dele/a estava
ao meu alcance e reclamos esse poder, e matamos-lhe. São silêncios e arrependimentos
que se arrastam por anos, ou o aborto pode ser repetido caso eu esteja
novamente na mesma situação.
O que acabou de ler foi
baseado em vários testemunhos reais de mais de uma pessoa e factos constatados
que eu condensei nesse texto apenas em dois personagens, um homem e uma mulher .
Da minha parte nunca incentivei ninguém ao aborto, nem colaborei nele e esse
texto não foi feito para desesperar aqueles que já o fizeram, pois esses mais
do que ninguém podem alertar os outros contra o aborto e o seu testemunho pode
salvar outras vidas, talvez até muito mais que o número de abortos que já fizeram
e também o texto tem a finalidade de alertar aqueles que ainda não o fizeram,
por favor não façam. Dizem que o que os olhos não vêm o coração não sente. Mas
não pensem assim, o poder sobre a vida e a morte deles está ao nosso alcance.
Sim, é verdade. Mas esse poder não é nosso e seja por rebeldia, ou medo de
arruinar o rumo da nossa vida interromper a vida alheia não é nosso direito. Pior
ainda por ser legal, o aborto torna-se fácil e muitas vezes é repetido várias
vezes. Divulguem isso, diga não ao aborto e sim á vida.